Para alguns solteiros, saúde mental já se discute antes do primeiro encontro. A terapia tem que estar em dia.
Uma reportagem do New York Times, comenta que em 2021, a menção à terapia nas biografias dos membros do Tinder aumentou 25%, segundo a empresa, “emocionalmente estável” subiu 12% e “emocionalmente maduro” 47%.
Um lado disso tudo muito interessante, é que falar sobre terapia e saúde mental está ficando mais natural e rendendo boas discussões, risadas e descobertas.
Vale lembrar que ir ao psicólogo ainda pode ser tabu para algumas pessoas que precisam de um pouco mais de tempo e informação para entender que na verdade isso é ótimo e pode ser necessário.
Efeitos da pandemia para os solteiros
Voltando a falar dos solteiros, não posso escapar de uma frase que agora já é clássica, “depois da pandemia” … Sim, a pandemia mudou nosso trabalho, nossas vidas, e claro, nossas relações.
Com a diminuição de baladas, barzinhos e encontros sociais, mais pessoas recorreram aos aplicativos e conversas online para encontrar em par romântico, seja ele casual ou não.
Em 29 de março de 2020, o Tinder atingiu um recorde de uso histórico, com mais de três bilhões de “deslizamentos”. O número de mensagens trocadas no aplicativo rival, Bumble, ainda se popularizando aqui no Brasil, aumentou em 26% nos Estados Unidos.
Isso tudo quer dizer que as pessoas sempre buscam uma forma de se relacionar, ao mesmo tempo que vão mudando e ajustando suas táticas de escolha de parceiro.
Saúde mental em alta, ou quase isso
Cada vez mais aumenta a naturalidade com que falamos sobre o assunto, diariamente há relatos nas redes sociais de pessoas que frequentaram e recomendam uma ida ao psicólogo, além de compartilharem trechos e revelações do que ouviram em suas sessões de terapia.
Isso acontece porque a geração Z e os millennials são muito mais propensos a procurar ajuda em saúde mental do que as gerações mais velhas, de acordo com uma pesquisa de 2018 da American Psychological Association.
O aumento do interesse no assunto não necessariamente quer dizer que também estamos melhores mentalmente. A Veja trouxe o dado de que em 2019, pelo menos 86% dos brasileiros sofriam com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.
Além da depressão
Quando se fala do efeito da terapia em relacionamentos, vamos além de ansiedade e depressão, falamos também de carência, dependência emocional, responsabilidade afetiva e outras questões que podem afetar a relação.
“O relacionamento consigo mesmo dá o tom para todos os outros relacionamentos que você tem. ”
Robert Holden
Logo, os solteiros, que antes se preocupavam apenas com sua segurança física, agora também se preocupam com a segurança emocional.
Preocupação internacional
Essa preocupação não é exclusiva dos brasileiros. O New York Times, entrevistou alguns solteiros americanos, como a Theodora Blanchfield, 39 anos, escritora e terapeuta de casamento e família em Los Angeles.
“Eu falo do meu terapeuta em uma conversa e assim vejo se eles mencionam o deles. Antigamente era comum esconder que estava fazendo terapia quando conhecia uma pessoa, mas agora é a mesma coisa que ir à academia”, disse ela. “Tinha um cara com quem saí em alguns encontros cujo perfil dizia: ‘Estou procurando uma garota legal para levar para casa e para meu terapeuta’”.
Como alguém que lutou contra a depressão e a ansiedade, ela sabe que precisa de um parceiro que leve a sério a saúde mental. “É importante para mim que uma pessoa não estigmatize as condições de saúde mental ou que pense que ir à terapia significa que você é louco, eu também acho ou espero que um cara que tenha feito terapia tenha mais empatia.”
O que importa é a querer em estar bem
Para Sarah Papadelias, 32 anos, advogada em Tampa, Flórida, os homens com quem ela namora não precisam estar em terapia, por si só. “Eu sei que algumas pessoas não têm acesso a isso, ou não têm seguro de saúde para cobrir as depesas”, disse ela. Mas eles têm que estar trabalhando em sua saúde mental. “Você está fazendo um diário? Você está meditando?”
Ela vê essa triagem como essencial. “Há muito tempo estamos focados em nossa segurança física. Quando vou a um encontro, deixo meus amigos saberem para onde estou indo. Eu compartilho locais. Agora percebo que também tenho que me preocupar com a segurança mental. Você quer ter certeza de que essa pessoa não fará nada abusivo ou traumático para você.”